Estorvo, de Chico Buarque, é um romance narrado em primeira pessoa que mergulha na mente fragmentada e inquieta de um protagonista sem nome. A história começa quando este é acordado por um homem desconhecido à sua porta, o que desencadeia uma jornada errática pela cidade. O narrador vagueia sem rumo, observando o mundo que o rodeia com uma mistura de paranóia, indiferença e desconforto.
Ao longo da narrativa, o protagonista revisita memórias dispersas da sua vida — momentos com a família, amigos e antigos amores — enquanto tenta compreender o seu lugar num mundo que lhe parece opressivo e desconexo. Sente-se como um “estorvo”, alguém deslocado, incapaz de se ajustar às normas sociais ou de criar laços significativos.
Com uma narrativa densa e introspectiva, Estorvo explora temas como alienação, desamparo e a sensação de estar à deriva numa sociedade urbana desumanizada. A escrita de Chico Buarque utiliza um fluxo de consciência que espelha o estado psicológico confuso do narrador, criando uma atmosfera de angústia e perplexidade. O romance desafia o leitor a interpretar as suas lacunas e ambiguidades, sendo uma obra aberta e profundamente subjectiva.